11 de julho de 2020

Netflix | Warrior Nun - 1ª Temporada


Título original: Warrior Nun

Lançamento: 2 de julho de 2020

Episódios: 10

Duração média: 45 min

Criador: Simon Barry

Gênero: Ação, Drama, Fantasia

Elenco: Alba Baptista, Toya Turner, Kristina Tonteri-Young, Lorena Andrea, Tristán Ulloa, Thekla Reuten, Olivia Delcán, Joaquim de Almeida, Emilio Sakraya, entre outros.

Saiba mais: IMDb - Filmow
Sinopse: Depois de acordar em um necrotério, uma adolescente órfã descobre que agora possui superpoderes por ser a portadora do halo de uma seita secreta de freiras caçadoras de demônios.


Freiras caçadoras de demônios? QUERO! Foi após esta constatação que decidi conferir Warrior Nun, nova série teen da Netflix que é baseada na HQ Warrior Nun Areala, de Ben Dunn.


A proposta da série é muito promissora. Ava (Alba Baptista), uma jovem tetraplégica de dezenove anos, é levada para uma igreja após morrer repentinamente no orfanato onde vivia - e era maltratada - desde os sete anos de idade. A igreja em questão é a sede da Ordem da Espada Cruciforme, uma seita secreta de freiras guerreiras caçadoras de demônios.

Enquanto seu corpo jaz no necrotério sagrado, a OEC é atacada. Para proteger o Halo de Adriel, artefato sagrado que concede poderes especiais ao seu portador, a cirurgiã da OEC o insere no corpo de Ava... que volta à vida. Como se já não bastasse ressuscitar, Ava recupera todos os seus movimentos e agora pode voltar a viver como uma jovem normal. Só que não!

Ela não demora a descobrir que agora possui uma força fora do normal, além de conseguir atravessar objetos sólidos e se curar rapidamente. Pouco tempo depois, Ava é informada que, por agora ser a portadora do Halo, isso faz dela a líder da OEC, posição que ela relutará muito a aceitar. E enquanto lida com tudo isso, a jovem precisará lutar por sua vida, pois, além dos demônios, há humanos que também não estão nada felizes com essa novidade.


Já vou logo adiantando que Warrior Nun não dá medo nenhum, muito pelo contrário. A série tem um tempo de comédia muito legal e os poucos demônios que aparecem são risíveis, sério. 😅 Li em alguns lugares que a série está sendo considerada a nova Buffy - A Caça Vampiros; porém, para chegar lá, Warrior Nun vai precisar comer muito arroz com feijão!

Eu curti a série, é uma produção simpática, mas peca em aspectos cruciais. O primeiro deles é a protagonista: Ava é um porre. Nada contra Alba "Ellen Page" Baptista, ela é super carismática, mas Ava não ajuda. Todo o lenga-lenga acerca da personagem aceitar ou não fazer parte da OEC se estende por exatos sete episódios, e a série tem dez! A lentidão do desenvolvimento da nova vida da personagem, assim como a inverossimilhança do seu comportamento, fazem de Ava uma mala sem alça. Eu concordo quando a personagem pontua que não escolheu ser portadora do halo. É verdade, foi algo imposto e, pior ainda, isso foi feito quando ela estava morta, ou seja, ela não teve escolha. Só acho que esta parte se estendeu demais e comprometeu muito o ritmo dos episódios.

Além disso, a série quer nos vender a história de uma jovem que passou os últimos doze anos de sua vida presa à uma cama, num quarto de um orfanato católico super rigoroso onde não tinha contato com nada e nem ninguém, e a primeira coisa que ela faz quando recupera os movimentos é pensar coisas do tipo "agora vou poder beijar e transar com alguém". Ava tem um conhecimento de mundo que não condiz com a sua situação anterior, e o exemplo acima é só um dentre vários.

Há também falhas na explicação da mitologia da série e até mesmo nos cruzamentos entre esta última e o catolicismo, o que pode deixar o espectador confuso em alguns momentos.

Mas há também os pontos positivos. Warrior Nun não tem medo de alfinetar a igreja levantando questionamentos muito pertinentes e reflexivos. Há uma trama sobre conspirações no Vaticano e até mesmo sobre a corrupção religiosa pelo poder, o que está longe de ser algo que existe apenas na ficção. E aqui vai o melhor de tudo: há representatividade LGBTQIA+ entre as freiras da OEC. Tudo é abordado com muita sutileza, afinal, são freiras de uma instituição super arcaica. Beatrice (Kristina Tonteri-Young) é lésbica e também há indícios de ter havido um relacionamento homoafetivo entre duas outras freiras, Mary (Toya Turner) e Shannon (Melina Matthews). Além disso, Ava dá indícios de que pode ser bissexual.

Ahhh, e também há Chanel, uma personagem transexual interpretada por May Simón Lifschitz, uma atriz transexual. Chanel não é uma das freiras, ela faz parte de um grupo de quatro amigos que ajudam Ava em um determinado momento, mas não poderia deixar de citá-la já que eu estava falando da representatividade presente na série.


Há algumas subtramas que ficam um pouco perdidas enquanto o roteiro insiste em se fixar somente em Ava, como, por exemplo, a de Jillian Salvius (Thekla Reuten), uma cientista que está usando fragmentos de um metal sagrado chamado Divinium para manter seu filho vivo. O menino tem uma grave imunodeficiência e por isso precisa ficar isolado do mundo. Para tentar ajudá-lo, Jillian está tentando criar um portal para a eternidade, lugar onde ele poderá viver sem dor. Esta parte poderia ter sido muito interessante se tivesse sido bem explicada, mas é tudo bem jogado e a gente que lute para acompanhar.

E felizmente Warrior Nun tem bons personagens coadjuvantes que compensam a chatice de Ava. Eu não ligaria se, na segunda temporada, o protagonismo caísse nas mãos de Beatrice. A personagem tem muitas nuances e esconde sua fragilidade por trás de uma fachada. Em alguns momentos temos o vislumbre de toda a dor que ela carrega, dor esta que ela canalizou diretamente para aquilo que considera ser sua vocação. Além disso, ela é uma guerreira maravilhosa! Suas cenas de luta são sempre ótimas. Aliás, tenho que elogiar as coreografias: ficou tudo super crível!


Mary também é uma personagem bem interessante. Diferente das outras componentes da OEC, ela não fez seus votos e por isso está sempre meio dentro e meio fora, o que faz com que ela enxergue algumas coisas com mais facilidade. É uma personagem bem badass e eu não me recordo de tê-la visto dando um sorriso espontâneo durante toda a temporada. E temos também Lilith (Lorena Andrea), só que não entrarei em detalhes sobre ela. Lilith... série sobre demônios...

Nos aspectos técnicos, Warrior Nun só fica devendo na aparição dos espectros demoníacos. É tudo bem artificial, mas com um maior investimento na segunda temporada é possível melhorar. A série se passa na Espanha, mais precisamente na Andaluzia, e a fotografia é linda. É tudo bem solar e há um contraste legal quando paramos para pensar que é uma série onde o objetivo dos personagens é caçar demônios. E acho legal mencionar que há três línguas sendo faladas durante os episódios, o inglês, o espanhol e o italiano.

Apesar dos altos e baixos, foi divertido acompanhar Warrior Nun. No final há um plot twist que eu não estava esperando, que coloca em cheque tudo o que nós (e até mesmo as freiras) acreditávamos. Nos dois episódios finais, quando Ava finalmente aceita o halo e tudo o que vem no pacote, o ritmo melhora bastante. Há muitos planos sendo executados e bundas sendo chutadas, e é isso o que eu espero de uma série chamada, traduzindo literalmente, Freira Guerreira! Que a segunda temporada siga por esse caminho.

"Sem fé, não há manipulação. Sem manipulação, não há medo. Sem medo, não há poder."


26 comentários:

  1. Oi Tami, tudo bem? A premissa da série é bem interessante, mas nos últimos tempos tenho evitado séries Netflix, sempre em algum momento acho que ficam cansativas. Mas vou deixar na lista pra quem sabe em outra hora conferir.

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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    1. As que eu tenho visto eu tenho curtido.

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    2. Gostei mas acho horrível não haver um fim. Será que veremos o final da luta daqui a 2 anos? Pelo amor do Halo

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  2. Oi, Tamires tudo bem? A série me parece interessante, apesar de as ressalvas ditas por você eu a veria. Legal que é um seriado de se acompanhar. Os demônios risíveis deste seriado me parecem ser a parte mais engraçada não é mesmo? Eu gostava de assistir Buffy caça vampiro. Que bom que no contexto geral a série tenha lhe agradado, mesmo que não por completo. Adorei sua análise. Abraço!

    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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    1. É engraçado mesmo, a série tem um tempo de comédia bem agradável.

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    2. Tbm gostei imenso da sua análise.vc falou tudo. Obg pela escrita tanto técnica como emocional da série.

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  3. OI Tami! Essa série eu ainda não tinha visto, mas achei a premissa bem nostálgica para mim e vou ver uns dois episódios para ver se me conquista. Tem série de todo o tipo hoje em dia, o tema desta me deixou curiosa. Bjos!! Cida
    Moonlight Books

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  4. Oi Tami.
    Gostei da premissa da série e mesmo com esses adendos que você fez, fiquei curiosa. Vou deixar a dica anotada.
    Bjus

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  5. Vou começar a ver por conta daquele teu tweet e também porque estou precisando de uma série farofenta assim.
    Quanto às primeiras decisões da Ava, não julgo pois provavelmente pensaria o mesmo (devo fazer algo do tipo quando finalizar a quarentena AHAHAHHAHHAHAHHAHHAHAHHAHAHAHHA)
    Beijos
    Balaio de Babados

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    1. Ah eu julgo porque dentro do contexto da situação dela não faz o MENOR sentido. Hahahaha

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  6. Oi
    falta assistir o último episodio, mas foi uma série legalzinha de se assistir, se for renovado para nova temporada irei assistir. foi uma boa distração.

    http://momentocrivelli.blogspot.com/

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    1. Também vou se for renovada. Acho muito difícil não ser.

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  7. Parece ser uma série pra passar o tempo e se divertir um pouquinho! Não sei se assistiria porque nesse gênero eu prefiro uns filmezinhos que da pra ver em um dia só haha mas adorei a sua resenha, sou um pouco difícil de me convencer com algumas tramas e essa demora no desenvolvimento da história me desanimou um pouco :/
    Beijoss, Seja Agridoce ♥️♥️♥️

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    1. Mas não é nada tão problemático, dá pra assistir e dar risada, que é o que eu espero de séries como essa. hahahah

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  8. Oi, Tami!
    Eu vi que a série entrou no top 10 da Netflix, mas nem me interessei.
    As poucas séries que eu assisto são mais do tipo Disney Channel, bem levinhas e family-friend hahaha.

    Estante Bibliográfica

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  9. É triste quando a própria protagonista da série é chata ou mal desenvolvida, e nesse caso, temos aí os dois problemas em apenas uma série. Mas, ainda bem que a representatividade e os personagens coadjuvantes conseguem salvar a história.
    Apesar de não gostar de séries e filmes que envolvem sobrenatural, eu achei a premissa de Warrior Nun bem interessante. Espero que a segunda temporada consiga passar por cima das ressalvas da primeira.
    Beijo, Blog Apenas Leite e Pimenta ♥

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  10. Olá, Tamires.
    Eu achei a premissa da série muito interessante. Pena que a execução não foi tudo isso e deixou a desejar em vários pontos. Mas ainda assim eu acho que vou assistir hehe.

    Prefácio

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  11. OI, Tami
    Estou fugindo de séries assim hahaha eu gostei muito do enredo, você falou que é bem promissor mas esses pontos que apontou, as falhas no enredo e nos episódios não me venderam uma boa trama. Infelizmente vou deixar passar!
    Beijo
    https://www.capitulotreze.com.br/

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Tami Marins

Carioca e leonina, acha que nasceu na época errada. Lê desde que se entende por gente e é viciada em séries e em café. Escuta sempre as mesmas músicas, assiste sempre aos mesmos filmes e sonha escrever seu próprio livro.

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