28 de agosto de 2019

Resenha | A Filha do Rei do Pântano - Karen Dionne


Livro cedido em parceria com a editora.

Autora: Karen Dionne

Tradutora: Cecília Camargo Bartalotti

Número de páginas: 266

Ano: 2019

Editora: Verus

Skoob: AQUI

Compre: Amazon
Sinopse: Helena Pelletier tem um marido amoroso, duas filhas lindas e um negócio que preenche seus dias. Mas ela também tem um segredo: é fruto de um sequestro.

Sua mãe foi raptada quando adolescente por seu pai e mantida em uma cabana nos pântanos do Michigan. Nascida dois anos depois do sequestro, Helena amava sua casa na natureza e, apesar do comportamento às vezes brutal do pai, ela o amava também... Até perceber o quão selvagem ele poderia ser.

Vinte anos depois, ela já enterrou seu passado tão profundamente que até o marido não sabe a verdade. Mas agora seu pai matou dois guardas, escapou da prisão e desapareceu no pântano. A polícia começa uma caçada, e Helena sabe que não irão descobrir nada, pois apenas uma pessoa, treinada por ele mesmo, tem as habilidades para encontrar o sobrevivente que o mundo chama de Rei do Pântano. E essa pessoa, claro, é Helena.


Essa não é a primeira vez que eu vou caçar meu pai, mas farei o que estiver ao meu alcance para garantir que seja a última.

Até os doze anos, Helena viveu isolada em uma cabana cercada por pântanos no Michigan. Até os doze anos, Helena não sabia que Jacob, seu amado pai, sequestrou sua mãe, que na época era uma menina de apenas dezesseis anos. Até os doze anos, Helena não sabia que era fruto desse sequestro. Mas aos doze anos, seu mundo perfeito desmorona quando ela descobre que sua vida não passava de uma mentira.

Fora do cativeiro e agora vivendo com a mãe na casa de seus avós maternos, Helena enfrenta problemas de socialização. Ela amava sua floresta, amava caçar e amava cada momento que passava com Jacob, que agora está pagando pelos seus crimes. Aos dezoito anos, a jovem herda uma propriedade e resolve deixar a antiga vida para trás. Ela muda o sobrenome, pois não quer ser reconhecida como a filha do Rei do Pântano. Ela quer um novo começo, e é isso o que ela consegue.

Aos vinte e um anos, Helena conhece Stephen Pelletier. Com medo de perdê-lo, ela não conta sua história e arruma justificativas para todas as suas atitudes estranhas. Pode não parecer, mas é complicado colocar doze anos de isolamento em dia. Helena e Stephen se casam e dessa união nascem duas lindas meninas, Iris e Marigold.


Helena nunca conseguiu se livrar dos fantasmas de seu passado, mas era uma boa fingidora. Ela guardou seu segredo por vinte anos, mas agora Jacob está livre novamente. Seu pai conseguiu fugir da prisão e agora ela sabe que ele quer jogar. Quando criança, quando brincavam de caça e caçador, Helena sempre perdia. Jacob só não estava contando que todo seu empenho em fazer de sua filha sua imagem e semelhança tivesse dado tão certo.

Agora, com a segurança de sua família em risco, Helena vai jogar o jogo de Jacob mais uma vez... e, no que depender dela, será a última.

Meu pai não tem ideia de que eu vou levar a melhor sobre ele outra vez. Ele não pode imaginar nenhum resultado diferente do que ele planejou, porque, em seu universo, em que ele é o sol e todo resto orbita à sua volta, as coisas só podem acontecer da maneira como ele decretar.
Só que eu não sou mais a criança adoradora que ele manipulava e controlava. Pensar assim é seu segundo erro.
Vou encontrá-lo e vou detê-lo. Já o levei para a prisão uma vez; posso fazer isso de novo.

••••••••••

A leitura de A Filha do Rei do Pântano não foi nada daquilo que eu estava esperando, mas é muito gratificante quando somos surpreendidos positivamente, mesmo quando a história começa a percorrer um caminho diferente daquele que idealizávamos. Na trama de Karen Dionne aconteceu exatamente isso, e adorei ser pega de surpresa neste enredo extremamente contemplativo e divagador.

Geralmente não sou dada a histórias com poucos diálogos e muita reflexão, mas aqui esta característica não me incomodou. E não se assustem quando eu digo "poucos diálogos", o livro apenas conta com uma dinâmica diferente, que não se torna cansativa em nenhum momento.

A história descreve sim os horrores de um cativeiro, mas é contada por uma pessoa que via aquele lugar como um lar e o sequestrador como um herói. O foco deste livro é voltado totalmente para Helena. Tudo é descrito por ela e gira em torno do que ela sente e do que ela viu. Já adianto que não é fácil gostar da personagem! Quando criança ela tinha umas atitudes bem questionáveis, principalmente em relação a mãe. Tentei ser compreensiva e levar em conta a sua criação, porém, em certos momentos é difícil lembrar dos pormenores da sua situação e o ranço vem com força.

A Helena criança era egoísta, egocêntrica e, arrisco dizer, má. A Helena adulta, por mais que tente esconder e negar, ainda guarda muito daquilo que fora dentro de si. Ela conhece a mente do pai como ninguém, afinal, já quis ser exatamente como ele, e é isso que faz com que ela seja a pessoa certa para capturá-lo.

 

A Helena de outrora era a caça, hoje ela é a caçadora.

Como eu disse anteriormente, a dinâmica de A Filha do Rei do Pântano é diferente. Começamos com Helena no presente e conhecemos um pouquinho de sua vida. Quando ela fica ciente da fuga do pai e resolve começar a caçada, o presente começa a se alternar com o passado e a cada transição ela questiona sua ingenuidade e seu amor por aquele homem. Como ela não enxergava a pessoa que ele realmente era? Certos gatilhos evocam lembranças que logo são desmistificadas, pois agora Helena consegue olhar além do homem ideal que ela criou.

Jacob é um enigma. Desde muito cedo ele demonstrava traços nítidos de psicopatia e sempre soube que não conseguiria viver na civilização. A saída que ele encontrou foi criar um mundo só dele, um mundo onde ele seria... o rei. É complicado acompanhar Jacob pelos olhos de Helena porque desde o começo nós sabemos quem ele é. Vê-lo sendo endeusado (até mesmo em alguns momentos durante a caçada atual da protagonista) é extremamente incômodo. Vale mencionar que Jacob era nativo americano, descendente dos Ojibwa, então temos alguns costumes indígenas que dão um diferencial bacana ao livro.

A mãe de Helena, que nesta história não tem nome e é completamente passiva, chegou em um nível de submissão que embrulha o estômago. E não pense que é somente Jacob que tem poder sobre ela, Helena também. Aliás, o poder que Helena tem sobre a mãe é ainda maior.

A caçada de Helena nem é o mais importante nesta história. Não importa se ao final ela terá êxito ou não, o que importa aqui é a jornada; é vê-la se libertando finalmente de um encantamento que ainda a mantinha cativa. Mas aí fica o questionamento: e os reflexos de tudo aquilo? A personagem cria um mundo ilusório que ao meu ver é bem perigoso!

Tenho apenas uma única ressalva que é o fato da família de Helena ter sido tão subaproveitada. Não sei como a autora poderia trabalhar este núcleo dentro da história, só sei que senti falta de vê-los um pouco mais, de acompanhar os reflexos das mentiras de Helena e de como ela conseguiu se esquivar da verdade por tanto tempo. A impressão que fica é que com família ou sem família a caçada ia acontecer, então mesmo com a ameaça iminente não foi algo que fez muito sentido dentro da narrativa.

A edição de A Filha do Rei do Pântano está ótima. A capa tem tudo a ver com a história e a água tem um efeito brilhante que se destaca bastante contra a luz. Internamente também não tenho do que reclamar: diagramação confortável, folhas amareladas e uma boa revisão. A escrita de Karen Dionne é muito boa e o livro pode facilmente ser lido numa sentada só.


A Filha do Rei do Pântano foi uma leitura bastante interessante. É um thriller diferente, com uma pegada dramática e uma ambientação hipnotizante. Recomendo e quero filme! 😅


21 comentários:

  1. Olá, Tamires!!

    Vi muitos blogueiros recebendo esse livro e fiquei super curiosa pela capa e título, mas acabei não lendo a sinopse, esperava uma coisa diferente do que você apresenta na resenha, mas como você disse, não é pq é inesperado que é ruim, achei a história interessante e fiquei curiosa para ler!!!

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    1. Exatamente. Ser surpreendido positivamente tem um gostinho ainda melhor do que encontrar algo que já esperávamos.

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  2. a edição com essa capa realmente já chama a atenção e com certeza é ótimo quando somos surpreendidos positivamente por livros,fiquei bem curiosa pra ler esse

    www.tofucolorido.com.br
    www.facebook.com/blogtofucolorido

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  3. Oi Tami, tudo bem?
    A sinopse me chamou a atenção, mas lendo a resenha acho que é o tipo de livro que não vai me prender (especialmente pelas características dos personagens).
    Mas que bom que foi uma grata surpresa. É ótimo quando isso acontece e o livro consegue cativar.
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

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    1. Que pena, mas não é todo livro que chama nossa atenção mesmo.

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  4. Oi Tami
    eu nem tinha visto esse livro por aí ainda...
    Tava pensando aqui cmg msm, acho q tenho meio q um preconceito com livros q se passam em floresta, n sei pq kkkkk
    Mas como esse tem um mistério e uma dinâmica diferentes, acho que vale dar uma chance qnd surgir a oportunidade!
    Bjs
    http://acolecionadoradehistorias.blogspot.com

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    1. Preconceito com livros que se passam em floresta? Essa é nova! Hahahahaha

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  5. Oi Tami, eu ainda não li, tenho tantos na frente kkkkk cada k uma lágrima rsrsrs E se é bom mesmo sou super a favor de uma filme também!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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    1. Sei bem o sentimento, o desespero de ver a pilha de livros é real. Hahahah

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  6. Oi Tami! Está aqui para eu ler e fiquei curiosa depois da sua resenha, parece ser um thriller diferentão e espero que eu goste. Eu acho que de alguma forma esta história vai me deixar angustiada. Bjos!! Cida
    Moonlight Books

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  7. Pela capa achei que se tratava de outro tipo de história ao ler sua resenha a história me interessou. Vou colocar na lista de leitura para ler em breve.
    Beijocas.

    https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/

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  8. Oii Tami

    Fiquei curiosa com esse estilo de poucos diálogos do livro, e feliz em saber que funciona, prende e surpreendeu positivamente. Eu gostei da sinopse dele, mas pelo jeito não será como estou pensando também e por um lado me deixa apreensiva, por outro ansiosa porque pela resenha valeu a pena essa leitura. Já está aqui pra ler e fiquei surpresa em ver como são poucas páginas né? Acho que será uma leitura bem rápida.

    Beijos, Ivy

    www.derepentenoultimolivro.com

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  9. Oi, Tami!
    Não sei se eu leria esse livro. Eu já tenho problemas com livros muito reflexivos, mas quem sabe esse possa me surpreender.
    Beijos
    Balaio de Babados
    Sorteio de aniversário Balaio de Babados e O que tem na nossa estante. Participe!

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    1. Exatamente, pode acontecer. E o livro não é reflexivo, a personagem que reflete muito, não sei se deu pra entender. Hahahaha

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  10. Confesso que se visse esse livro não pararia para vê-lo, mas depois da sua resenha fiquei com vontade de conhecer!

    https://www.kailagarcia.com

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  11. Oi Tami.
    Quando vi o título pensei que se tratava de uma fantasia, mas ser um thriller me deixou bem empolgada. Gosto de leituras mais introspectivas. Parece sensacional.
    Beijos.
    Fantástica Ficção

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    1. Se você gosta de leituras introspectivas esse livro é pra ti!

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Tami Marins

Carioca e leonina, acha que nasceu na época errada. Lê desde que se entende por gente e é viciada em séries e em café. Escuta sempre as mesmas músicas, assiste sempre aos mesmos filmes e sonha escrever seu próprio livro.

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